ULTRAJE A RIGOR – NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA
by Pedro Cindio
Roger se tornou patético. Hoje ele é conhecido pelo que fala e não pela música que faz. Isso mostra que um artista quando não sabe envelhecer acaba fazendo de tudo para atrair a atenção… Mas é hora de falar em passado.
Esse disco foi um marco para o rock com humor no Brasil. Claro que já tínhamos outros grupos e artistas que faziam do humor sua arma para fazer música, como o Juca Chaves, Joelho de Porco (já descrito aqui nesta coluna) e o Língua di Trapo (vencedor do último festival de música da Tv record, em 83), mas o Ultraje veio para suprir isso no rock, que precisava de algo mais destacado. Os anos 80 estavam perfeitos para o rock nacional, com a mídia apoiando e dando destaque em qualquer lugar. Até em programas infantis tinham bandas como Ratos de Porão.
Ultraje veio com ironia. No som que abre o disco, o mesmo que dá o nome , já mostra como iria ser, tirando um sarro dos incomodados nas praias de São Paulo dos farofeiros da capital. Ironia na medida certa. Acredito que “Rebelde sem Causa” seja uma auto biografia ‘não autorizada’ do Roger. Uma música que mostra como é o playboy brasileiro, hoje chamado de moleque de prédio. Desta forma, tem de tudo mas reclama da vida.
“Mim Quer Tocar” mostra um pouco do preconceito também, especialmente na parte “Mim é brasileiro, mim gosta banana”. Humor com dose de politicamente incorreto, no que hoje transformou Roger em professor. “Zoraide”vem para mostrar o amor livre, que a monogamia era chata e entediante. Uma ótima música.
“Marylou” é um dos maiores clássicos da banda. tem uma história curiosa que, quando eu estava na segunda série, no Gepal (saudades do colégio), havia uma professora da terceira série que se chamava Marilú. Com a mesma fonética, virou piada na escola. E ela adorava.
“Jessy Go” é a música que Roger fez para o Lobão. Não que seja algo oficial, mas a primeira estrofe é prova digna disso.
“Não passava de um imbecil
Até que um produtor o descobriu”.
Melhor definição, impossível.
‘Eu me Amo” é a mais pop do disco. Seguida por ‘Se você Sabia”, esta talvez seja a única do disco que não se tornou um clássico da banda em shows.
Para fechar o disco, “Independente Futebol Clube” é chave de outro. música com uma letra ótima, um instrumental bacana e bem animada. Coros e backing vocals na medida exata fazem do disco um clássico no Brasil. Pena que a banda nunca mais conseguiu fazer nada que preste depois disso. Mas que marcou história, isso pode ter certeza.
Para acompanhar o disco indico a Olar, Meu Nome é Enéas, uma Imperial IPA de 8.56% de álcool (8.2% na verdade, 56 era o número de Enéas) cuja receita utiliza maltes Pilsen e Crystal e lúpulos Amarillo e Citra. De coloração âmbar caramelada e creme bege de ótima formação e longa permanência, a Olar, Meu Nome é Enéas apresenta um aroma com domínio de lúpulo cítrico (maracujá e laranja) enquanto o malte prepara uma sólida base caramelada em busca de equilíbrio. Há suave sugestão de resina, típica do estilo. Na boca, a palavra chave é equilíbrio: o amargor derivado do lúpulo cítrico é uma cacetada (permanente) que vai, lentamente, sendo coberto pela doçura caramelada do malte. O final é cítrico e amargo (não tão intenso, mas de responsa). No retrogosto, maracujá e adstringência. Muito, muito boa!
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